segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Puris no Vale do Paraíba

Os puris foram um grupo indígena, atualmente considerado extinto, que habitava os estados brasileiros do Espírito SantoRio de Janeiro e Sudeste de Minas Gerais. Com a ocupação dos Campos dos Goytacazes pelo latifúndio canavieiro "os bravos morreram e os outros se exilaram nas matas das Minas Gerais", como regiostrou Saint Hilaire. De Cabelos grandes, rasparam a parte baixa do cabelo e passaram a ser chamados de coroados. Os coroados estabeleceram luta contra os puris que buscaram apoio entre os portugueses. Os puris foram os primeiros habitantes do Vale do Paraíba e seus últimos redutos se situaram na nascente do Rio Carangola, onde hoje se situa a cidade chamada Orizânia.
Uma estrada aberta pelos bandeirantes que ia de Taubaté a Campos dos Goutacazes favoreceu o extermínio dessa população. No Vale do Muriaé e no Vale do Carangolasomente remanesceram até o século XX, porque até o século XIX era considerada Zona Proibida, por onde não se podia transitar, sob pena de crime de descaminho.
A nascente do Rio Carangola em Orizânia, situada na serra divisora da Bacia do Doce da Bacia do Paraíba é equidistante do desaguar deste rio no Rio Muriaé, em Itaperuna da cidade que ficava na borda da mata da Zona Proibida, Abre Campo. Tanto para Abre Campo quanto para Itaperuna a distância é de cerca de 50km.

Identidade

Existem descrições sobre os Puris elaboradas por cientistas da época. Existem, também, divergências ou falta de detalhes nos relatos existentes. Os índios Puris são identificados como descendentes dos Coropós e Coroados, ou espécie semelhante a estes, como descrevem os cientistas Von Spix e Von Martius nas expedições realizadas no início do século XIX. Seus aspectos físicos não eram diferenciados das demais tribos. Estes indígenas são mencionados com os seguintes aspectos físicos: baixos ou de estatura mediana, robustos, largos, achatados, pescoço curto e grosso, formas arredondadas, pés largos e dedos grandes, pele macia de cor parda-escura, cabelo comprido liso de cor negra, sem cabelo nas axilas e peito.

Hábitos e costumes

Os Puris poucos se distinguem dos Coropós e Coroados também em seus aspectos culturais. O significado da palavra Puri, em língua tupi, pode ser colocado como "... gentinha ou povo miúdo ou comedor de carne humana (dependendo da interpretação)". Contudo, no Brasil, afirma-se que a expressão "comedor de carne humana" não se aplica, pois este conceito não se firma nos estudos e sim apenas nos relatos dos viajantes da época. Poucos estudiosos atribuem aos Puris as práticas antropofágicas: sendo assim, as acusações de canibalismo deste povo não deixaram nenhuma evidência, não podendo ser comprovada esta afirmação. Também existem relatos que descrevem os índios Puris como traiçoeiros e desumanos com os homens brancos, contudo esses atos podem ser tidos como resistência contra as agressões e conquistas dos europeus para defesa de seu território, sua família, sua tribo. Para o autor Cláudio Moreira Bento:
"...Não se conhecia fato algum de um puri que haja matado um branco. Quando os brancos embrenhavam-se na mata para colher a planta medicinal poaia, ao encontrarem os puris, estes se punham a correr, arriscando-se furtivamente a apanharem, para seus usos, as ferramentas dos brancos. O próprio nome "puri" significava, na língua deles, "gente mansa ou tímida"."
Na região do Vale do Paraíba, as afirmações são claras a respeito do comportamento do índio puri: são calmos, covardes, medrosos e ingênuos, eram mansos e tímidos. Muitos relatos dão conta do medo e da suscetibilidade com que aceitavam a invasão pelo homem branco e trabalhavam para estes. Não roubavam, não eram mentirosos e nem ambiciosos. A personalidade do índio Puri é descrita, na maioria dos relatos, como dócil e suscetível ao trabalho a ele imposto pelo homem branco.
Quanto aos costumes e hábitos indígenas, muito se diferenciavam da cultura dos portugueses. Estes iniciavam suas entradas na mata e tinham contato com uma cultura diversa da sua: muitas vezes, estas culturas, aos olhos do homem branco, eram exóticas, incompreendidas e mal interpretadas. A contradição da busca por riquezas e a indiferença do índio pelas coisas materiais eram fatores que o homem branco não conseguia compreender. Eram opostos extremos: os índios almejavam a harmonia com a terra para o seu sustento e o europeu buscava apenas a riqueza, adentrando a mata e tomando posse do que, antes, era de todos e que, a partir de então, seria do homem branco.
A língua dos Puris era diferente dos demais indígenas. Era caracterizado por um vocabulário esparso e do qual alguns viajantes fabricaram pequenos dicionários. Os Puris tinham sua sociedade composta por um chefe, por um sacerdote e homens e mulheres com funções distintas. O chefe era eleito pela astúcia, braveza e habilidades de guerreiro e não tinha poder efetivo sobre seu povo:
" Na sociedade indígena, chefe não é aquele que manda, mas sim, que aconselha o que deve ser feito. Se os seus seguem ou não o seu conselho, o problema não é do chefe. Ele é apenas um líder que aconselha, não um patrão que determina o que deve ser feito."
Ao sacerdote, se destinavam as tarefas religiosas e rituais de cura; aos homens, cabiam a fabricação de armas, a caça e a guerra; as mulheres cuidavam da colheita, recolher as caças abatidas e cuidar das vasilhas e demais utensílios usados na tribo. Cada índio podia escolher mais de uma esposa, eram polígamos.
A sociedade indígena desta espécie não exercia a agricultura nem a navegação, retiravam da natureza seus meios de subsistência. Por isso, viviam em habitações provisórias, eram nômades.
A religião era a devoção a vários seres poderosos: contemplavam a natureza e seus fenômenos como deuses. Usavam colares protetores para afastar animais ferozes. Ressalta-se o papel do sacerdote como símbolo maior do poder da religião dentre os índios. Os índios, após o falecimento, eram colocados em vasos de barro e sua habitação era abandonada por medo do espírito do morto. Alguns destes vasos foram encontrados no município de Canas, cidade vizinha de Cachoeira Paulista, porém, somente estudos arqueológicos avançados poderão explicar a origem real, sem deturpações históricas formuladas pelo homem branco, sobre os costumes, utensílios e a verdadeira genealogiadesses habitantes primordiais do Vale do Paraíba.
Fonte:wikipedia.

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